Embora seja mais comum em adultos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) também pode afetar crianças. De 2019 a 2022, o AVC resultou em 716 mortes de crianças até 9 anos no Ceará, uma média de 179 mortes anuais nessa faixa etária durante esse período. Em 2023, já foram registradas 165 mortes de crianças devido a essa doença. Durante a infância, o AVC ocorre principalmente nos primeiros meses de vida.

Esses dados são do Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN Brasil). As informações são baseadas nas declarações de óbito registradas nos cartórios brasileiros relacionadas à Covid-19. A ferramenta da Arpen também avalia outras causas relacionadas à Covid-19, com foco nas principais doenças cardiovasculares relacionadas.

Em entrevista, o neurologista Fabrício Lima, chefe da unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), esclareceu as diferenças de sintomas em crianças e adultos e destacou a importância do diagnóstico precoce.

O AVC ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido, resultando na paralisia da área cerebral que ficou sem circulação, devido à morte das células. Esse é o chamado AVC, que pode ser causado pela obstrução dos vasos sanguíneos (isquêmico) ou pela ruptura de um vaso sanguíneo (hemorrágico).

A incidência do AVC é maior em adultos, e aumenta a partir dos 45 anos, relacionado a fatores de risco como diabetes, pressão alta, colesterol elevado, sedentarismo e problemas no coração. Na infância, as causas da doença podem ser doenças virais, anormalidades cardíacas e problemas na coagulação do sangue. “Na criança, as causas de AVC já são muito mais diversas, muitas vezes relacionadas a problemas genéticos ou congênitos”, explica o neurologista.

A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica (SBNPed) lista os seguintes casos como fatores de risco para o AVC em pacientes pediátricos:

Arteriopatias

Fatores genéticos e síndrome de Moyamoya

Coagulopatia Hereditária e Trombofilia

Anemia Falciforme

Doenças metabólicas

Doença cardíaca congênita e adquirida


RECONHECENDO O AVC EM CRIANÇAS Principalmente quando a criança 


já é mais velha, a partir de 2 ou 3 anos, os sinais que permitem reconhecer o AVC são parecidos com os que ocorrem na idade adulta. Quando ocorre de forma súbita, a criança pode apresentar fraqueza em um lado do corpo ou do rosto, dificuldade para falar, entender, enxergar, correr ou se equilibrar.

Nas crianças menores, porém, as manifestações costumam ser menos evidentes. Elas podem apresentar irritabilidade, sonolência ou dificuldade de interagir nas brincadeiras com os colegas ou com os pais. A SBNPed também aponta que no AVC perinatal pode haver sinais como apneia, má alimentação e crises convulsivas.

“O fato é que, quando essas manifestações são notadas pelos pais, pelos cuidadores, ou mesmo professores, é importante, assim como no adulto, procurar atendimento médico o mais rápido possível. Até porque, nas crianças, outras doenças — potencialmente graves, mas também potencialmente tratáveis —, vão ter manifestações semelhantes. Por isso que é tão importante você procurar atendimento médico.” FABRÍCIO LIMA – Neurologista e chefe da unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza (HGF)

Segundo a SBNPed, o diagnóstico requer exames de neuroimagem considerados essenciais para confirmar a origem dos sintomas. Em muitos casos, o diagnóstico é tardio ou ocorre apenas após a morte, por conta da complexidade da apresentação. “Um tempo médio de 25 horas entre a instalação dos sintomas e evidência radiológica de AVC tem sido observado, e apenas um terço dos pacientes são diagnosticados em um intervalo de 6 horas”, aponta a entidade.

Fonte: Diário do Nordeste


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