Após dois anos sem acontecer devido à pandemia, a Marcha da Maconha voltou a ser realizada em Fortaleza neste domingo, 29. A manifestação pela legalização da cannabis reuniu centenas de pessoas na avenida Beira Mar em sua 12ª edição na Capital. O público se manifestou também contra a violência policial, o encarceramento em massa e a falta de informações sobre a droga.

“A gente está denunciando toda essa política de morte, tanto do governo quanto da polícia, que nos oprime, que mata a população e que está acabando com nossa juventude ao longo desses anos”, afirma Stefany Tavares, membro da organização do evento. Stefany lembrou de episódios recentes de violência policial pelo Brasil, como a chacina no Rio de Janeiro, que deixou mais de 20 mortos, e o assassinato de Genivaldo Santos, homem negro morto por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe.

Os manifestantes também entoaram gritos contra o presidente Jair Bolsonaro. Alguns estavam fantasiados com o tema da marcha, com desenhos de folhas de maconha, e outros levaram cigarros falsos gigantes para representar o cigarro feito com a planta.

Stefany conta que a marcha reúne pessoas diversas, de jovens a idosos. A síndica Rita de Cássia Farias, de 55 anos, acompanhou o filho na marcha e acredita que a legalização pode trazer benefícios para a saúde. Rita faz uso de óleo de cannabis e defende mais acesso à substância. “Depois dessa pandemia, a gente ficou com sequelas não só financeiras, mas psicológicas. O óleo da cannabis veio ajudar a reestabelecer a minha vida”, conta.

O bancário Dyego Aquino, 30, afirma que a descriminalização pode ajudar as pessoas a descobrirem mais finalidades para a maconha. “As pessoas podem entender que a maconha não é aquele tablete apresentado nos jornais policiais durante as reportagens de apreensão. É uma planta, a flor serve para diversos fins medicinais”, explica Rodyane Silva, 34, especialista em TI que também participava da marcha.

“Se fosse legalizado, a gente iria comprar tranquilamente, sem ter a opressão nem da polícia nem dos bandidos”, afirma Priscila Menezes do Nascimento, 28. A faxineira conta que comprar maconha ainda é perigoso para ela, devido ao tráfico de drogas e às abordagens policiais violentas que acontecem na periferia onde mora.

Assim como Priscila, a designer de cílios e unhas Vanille da Silva Paula, 19, também frequenta a marcha há anos pedindo pela legalização. “Todos os anos eu venho defender nosso direito de maconheiro. Quero muito que legalize para ficar mais acessível pra todo mundo, ficar menos arriscado e gerar empregos”, disse a jovem.

Para o psiquiatra Rafael Baquit, presente na marcha como representante da Associação Psicodélica do Brasil (APB), a luta do movimento também é por mudanças na política de drogas do País. “Nós temos uma política de drogas muito nociva, que promove o genocidio de populações vulneráveis e o encarceramento em massa. Essa marcha já acontece há quase 15 anos, não é só pelo direito de fumar maconha, é pela necessidade de se mudar a política de drogas, se atentar para questões estruturais no país, de raça, de gênero e de classe”, afirma. 

Fonte: OPOVO On-line

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