Aumento, que entra em vigor na próxima sexta-feira, 22 de abril, afetará os consumidores cearenses com altas entre 24,18% e 25,12% nas contas de luz

Após aprovação do reajuste tarifário de até 25,12% das contas de luz no Ceará, a distribuidora de energia elétrica na região, a Enel, pontua que reterá apenas 5% do aumento, repassando o restante para as geradoras de energia e quitação de débitos acumulados pelas ações de enfrentamento à escassez hídrica durante o ano de 2021. 

O diretor de regulação da Enel no Brasil, Luiz Gazulha, reconhece o aumento como expressivo, mas pontua que o reajuste está em patamar elevado em decorrência da crise gerada pelo baixo nível dos reservatórios em 2021, ativação das termoelétricas e pelo aumento do custo operacional da empresa. 

"Nós estamos falando de custo de energia que a distribuidora já arcou ao longo de 2021 e que por meio deste reajuste será ressarcida pelos consumidores. São custos que a companhia é mera arrecadadora, repassamos para as produtoras, para quitação de empréstimos ao setor energético. Na prática, atuamos apenas como um intermediário para o repasse desses recursos", argumenta. 

O porta-voz da Enel destaca ainda que a alevação em encargos tarifários também teve impacto significativo neste ano. Luiz exemplifica uma conta hipotética no valor de R$ 100: conforme o executivo, deste total, 32% seriam tributos, 29% referentes ao consumo propriamente dito de energia, 9% encargos e 25% pagamento pelos serviços de distribuição de energia feitos pela Enel.

"É desses 25% que tiramos todo o valor para nossos encargos fixos, despesas anuais e prestação de contas com encargos acumulados ao longo da crise hídrica e nossas despesas também estão aumentando", pontua. Ainda assim, para o consumidor final, conforme Luiz, o impacto não deve ser tão expressivo, já que foi autorizado o fim da taxa extra implementada pela bandeira vermelha tarifária de crise hídrica. 

Assim, como a bandeira vermelha implementava o adicional de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos, espera-se que, na prática, que o consumidor final não sinta um aumento tão expressivo quanto o percentual aprovado. Ainda assim, a alta, que entra em vigor a partir da próxima sexta-feira, 22 de abril, afetará os consumidores entre 24,18% e 25,12%. 

Aumento gera temor nos consumidores

O Conselho de Consumidores da Enel participou da reunião que culminou na aprovação do aumento nas tarifas e destacou que devido o patamar elevado da cobrança, espera uma maior inclinação da sociedade em práticas como o furto de energia e pontua ainda um aumento da inadimplência, especialmente diante da insatisfação dos consumidores com os serviços prestados. 

Diante da alegação, Luiz pontua que apenas em 2021 foram investidos R$ 1 bilhão em melhorias, modernização e manutenção da infraestrutura da empresa no Ceará, bem como dos serviços operacionalizados por ela. O porta-voz da empresa alega redução de 18% na frequência de interrupções no fornecimento de energia elétrica e redução de 25% no tempo que os cearenses ficaram sem energia. O executivo diz ainda confiar na qualidade e competência do serviço prestado pela Enel e avalia como positivo as ações de melhorias aplicadas pela companhia.

"O furto de energia é uma questão sociocultural delicada, mas também é um crime, e nós, de forma alguma, esperamos que isso aumente. Acreditamos e confiamos nos nossos clientes cearenses. E, com relação ao aumento da inadimplência, isso poderá sim ocorrer, mas com a saída da bandeira tarifária, o consumidor nem vai perceber o aumento, ficará praticamente no mesmo patamar que ele paga atualmente, então esperamos que isso não ocorra de forma significativa", detalha. 

Enel salta 31 posições e se torna a 8ª empresa com tarifa mais cara do Brasil

Antes do aumento aprovado nesta terça-feira, 19 de abril, a tarifa cobrada pela Enel Ceará representava a 39ª mais cara do Brasil com relação ao valor cobrado para imóveis residenciais com baixa demanda por energia.

Com o reajuste anual, a tarifa aplicada na conta de luz dos cearenses saltou 31 posições, saindo de R$ 588,8 por megawatts (MW) a cada hora, para R$ 731,6 na mesma medida. Valores representam R$ 0,73 por cada quilowatts (KW) consumido por hora no Estado.

Diante do exposto, após ser questionado pelo O POVO, Luiz é categórico: "os números são o que são, conforme foram expostos, mas devemos considerar que ainda estamos em abril e muitas distribuidoras ainda não tiveram suas tarifas reajustadas".

O representante da Enel argumenta que o ranking é um elemento extremamente dinâmico e que é alterado conforme as novas tarifas são aprovadas. "No fim do ano poderemos ter uma avaliação mais assertiva de como está o ranking e o que os números representam, no momento, ainda não podemos fazer uma análise", finaliza.

Riscos de novos aumentos 

Na última terça-feira, 12 de abril, a Aneel, abriu uma consulta pública com intuito de aplicar aumento de até 57% no valor das bandeiras tarifárias no Brasil entre este ano e 2023.

O aumento varia de acordo a bandeira e o nível da tarifa extra, para a mais baixa, a bandeira amarela, o aumento proposto é de 56%, saindo de R$ 1,84 para R$ 2,92 a cada 100 quilowatt consumido por hora. Na segunda bandeia, a vermelha de nível um, o aumento requerido pela Aneel é de 57%, o que fará a taxa sair de R$ 3,97 para R$ 6,23 Kwh.

Por fim, a bandei vermelha nível 2, com redução de 1,7%, deverá ficar mais barata, saindo de R$ 9,49 para R$ 9,33 por cada 100 kwh, mesmo com a redução, valor é 15% maior que a tarifa média aplicada na conta de luz.

Mesmo com o risco das revisões serem aprovadas, o diretor de regulação da Enel no Brasil, Luiz Gazulha, destaca que não há perspectivas para tais impactos serem sentidos pelos consumidores. Ele argumenta que não há no mercado a estimativa de uma nova adoção das tarifas extras devido normalização das chuvas nos reservatórios das hidrelétricas

"O aumento deste ano é um valor relevante, mas isso tudo é fruto da situação que vivemos em 2021 e que não se repetiram esse ano. Estamos com volumes normais de chuvas e com boas expectativas, tanto que foi antecipara a suspensão da bandeira vermelha", argumenta Luiz. 

O executivo da Enel argumenta ainda que para 2023, as tarifas da companhia deverão ser revisadas com redução nos valores cobrados aos consumidores. "Esperamos que as tarifas voltem a um patamar adequado de custos conforme temos vistos nos últimos anos já a partir de 2023", defende Luiz. 

Ele explica que para além da normalização dos recursos hídricos, em 2023 ocorrerá a revisão tarifária da companhia. Processo pelo qual a Aneel revisa detalhadamente todos os custos, gastos e tarifas da empresa. "Será um ano de tarifas bem menores aos consumidores", pontua o diretor da Enel no Brasil. 

"O custo da crise hídrica foi um custo nacional, todas as distribuidoras sofreram com isso, ainda teremos outros reajustes em todas as regiões do País", complementa o porta-voz da Enel. A empresa, por sua vez, encerrou a coletiva em tom ameno, destacando boas perspectivas para o ano de 2022 e pontuando que "em breve" voltará a se reunir com a imprensa para anúncio de "novos investimentos e parceiros". 

Fonte: OPOVO On-line

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